segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Análise Psicológica do filme: Cisne Negro


Antes de iniciar a análise do filme, irei deixar claro alguns conceitos que se fazem importantes para melhor compreensão.
Segundo Dalgalarrondo (2008), as síndromes psicóticas são caracterizadas pelos seguintes sintomas: alucinações, delírios, pensamento desorganizado e comportamento bizarro. Este autor traz também definições dos diferentes tipos da psicose esquizofrênica, que caracteriza-se por sintomas de primeira ordem de Kurt Schneider (percepção delirante, alucinações auditivas, vozes que comentam ou comandam as ações do paciente, eco do pensamento, difusão do pensamento, roubo do pensamento, vivências de influências na esfera corporal ou ideativas e vivências de influências sobre o pensamento) e os de segunda ordem (perplexidade, alterações da sensopercepção, vivência de influência no campo dos sentimentos, impulsos ou vontade, vivência de empobrecimento afetivo, intuição delirante e alterações do ânimo de colorido depressivo ou maniatiforme). A esquizofrenia ainda apresenta quatro subtipos, são eles: paranóide (alucinações e idéias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório), catatônica (alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea e alterações da vontade como negativismo, mutismo e impulsividade), a forma hebefrênica (pensamentos desorganizados, comportamento bizarro e afeto pueril) e o subtipo simples (lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, com negligência quanto aos cuidados de si, embotamento afetivo e distanciamento social).
O filme Cisne Negro retrata a história de Nina. Uma bailarina dedicada de 28 anos, que mora com a sua mãe, uma ex bailarina frustrada que interrompeu a sua carreira devido à gravidez.
Nina não apresentava vida social, o seu único vínculo afetivo era estabelecido apenas com a sua mãe, que por sinal é uma mãe superprotetora e também não mantém nenhum relacionamento interpessoal, e conserva Nina em um universo maternal de controle perverso, colaborando desta forma para o desenvolvimento do transtorno posteriormente apresentado por sua filha.
Aparentemente (ou conscientemente) Nina era uma pessoa doce, meiga, controlada, esforçada, em busca da tão sonhada perfeição; assim, podemos perceber que o cisne branco é justamente o ser construído pela mãe da bailarina, que fez dela uma pessoa totalmente manipulada e sem nenhum desejo próprio.
O filme nos mostra dois personagens (Lily e o diretor Thomas Leroy) que tentam, mesmo que de maneira ligada a sexualidade e ao prazer, trazer à tona o outro lado de Nina, que é a partir daí que ela começa a perceber com outros olhos a sua relação com a sua mãe que inibia e reprimia todas as suas vontades e desejos, se dando conta que já é uma mulher adulta e dotada de desejos, jogando fora então, os seus bichinhos de pelúcia que infantilizavam ainda mais o seu quarto.
Devido a grande pressão do diretor e à sua obsessão pela perfeição Nina caba por, em diversos momentos, a fazer exercícios repetitivos que a levava a exaustão e à pressão psicológica, fazendo com que ela apresentasse uma negligência quanto aos cuidados de si (saúde).
A bailarina quase perfeita também apresentava certos comportamentos bizarros (como a autoflagelação) diante de situações que a deixavam ansiosa e tensa devido ao seu alto grau de exigência; assim como também apresentava alucinações, delírios, idéias persecutórias, além de distúrbio alimentar.
O final do filme nos traz o retrato do cisne negro (o inconsciente), o momento em que Nina está totalmente perturbada, ela surta e tem alucinações que envolviam a sua colega Lily, e quando ela cai em si ela percebe que não havia Lily, não havia sangue, e sim havia ela mesma introduzido o pedaço de espelho no seu abdômen, e o resultado disso tudo foi a libertação da angústia através da morte.
Muito interessante as palavras do diretor um dia antes da apresentação, quando ele diz que o único inimigo de Nina é ela mesma. Ou seja, ela já tinha dentro dela mesma o cisne negro, porém ela não sabia como lidar com ele, pois ela só tinha se permitido a vivenciar durante toda a sua vida o cisne branco.
A partir da análise dos fatos pode-se afirmar que Nina tem sim características de comportamentos psicóticos como: alucinações, delírio de perseguição, apatia, tristeza, mutilação, ausência de relacionamentos interpessoais, estabelecendo um único vínculo afetivo com a sua mãe, além de apresentar também um transtorno alimentar.

Referências
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

3 comentários:

  1. Ótima sua análise... Ainda não assisti o filme, mas falam que é bem interessante o perfil/comportamento da personagem...

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  2. Eu não vi o filme... está aqui em casa mas não tive tempo ainda rsrs
    Espero ver o mais rapido possivel
    Bacana sua análise
    Retribuindo a visita!
    Abraços

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  3. Oiiii..

    Seguindoo! Passa lá e segue tbm?!

    http://echidellanima.blogspot.com/

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