quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Reflexão do filme: O Show de Truman - O Show da Vida




Título original: The Truman Show
Diretor: Peter Weir
Elenco: Jim Carrey, Laura Linney, Ed Harris, Noah Emmerich, Natascha McElhone, Holland Taylor.
Produção: Ed Feldman, Andrew Niccol, Scott Rudin, Adam Schroeder
Roteiro: Andrew Niccol
Fotografia: Peter Biziou
Trilha Sonora: Burkhard Dallwitz, Philip Glass
Duração: 102 min.
Ano: 1998
País: EUA
Gênero: Drama



Sinopse: Ele é a estrela do show... mas não sabe disso. Jim Carrey conquistou a crítica e o público, como o ingênuo Truman Burbank, neste maravilhoso filme do diretor Peter Weir, sobre um homem cuja vida é um show contínuo de televisão. Truman nem imagina que sua antiquada cidade é um estúdio gigantesco, dirigido por um visionário produtor/diretor/criador (Ed Harris), nem que as pessoas que vivem e trabalham lá são atores de Hollywood, e que até sua entusiasmada esposa é uma atriz contratada. Gradativamente, Truman vai percebendo os fatos. E a cada descoberta, ele vai fazer você rir, chorar e torcer como poucos filmes já conseguiram. 




Como vocês puderam ler na sinopse, o filme relata a história de um homem de 30 anos, chamado Truman, porém, durante a sua vida inteira (desde que estava na barriga da sua mãe), seu primeiro passo, seu primeiro dente, sua primeira palavra, seu primeiro dia na escola, enfim, todos os dias da sua vida foram filmados e divulgados para todo o mundo através de um reality show que virou sensação no mundo inteiro sendo dono do 1º lugar de audiência tendo como a grande estrela o próprio Truman.
Nada a sua volta era real, desde os vizinhos, seu trabalho, seu melhor amigo até o seu casamento; tudo isso não passava de um mero cenário cheio de atores.
Podemos fazer um viés deste filme com a nossa vida. Será que somos reais? Será que o mundo que nós podemos perceber através dos nossos sentidos é real? Onde está a nossa subjetividade? E a minha subjetividade (tão singular...)? Será que somos pré-destinados, ou temos o livre arbítrio?
Este filme mexe com um pouquinho de cada coisa. Estamos sempre tentando sermos diferentes uns dos outros e acabamos sendo todos iguais, e com os mesmos ideais. E quanto ao mundo em que estamos inseridos? O percebemos através de 5 sentidos (há quem diga que nós mulheres temos 6...), mas nunca o enxergamos da mesma forma, cada um tem a sua percepção, as suas contingências (mesmo que manipuladas), a sua subjetividade..., mas será que existe algum outro sentido, o qual não temos, e por conta disso não somos capazes de sentir e enxergar o mundo como ele realmente é?!
No caso de Truman, ele conseguiu (mesmo que depois de 30 anos) descobrir o “mundo” a sua volta, e assim lutar com toda a sua garra para sair da visão prematura de mundo (ignorância), descobrindo que o que haviam ao seu redor eram meras máscaras.
Mas, e quanto a você? Já descobriu o verdadeiro sentido do mundo no qual se encontra submerso???

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A importância dos mitos nos dias atuais




Mito é uma narrativa de significação simbólica, e que encerra uma verdade, cuja a memória se perdeu no tempo. Porém, o mito pode também não ser verídico, tendo apenas o valor de dar ideias estimulativas para o pensamento e o comportamento humano.
Existem três modelos de mito: o mito exemplar que tem como exemplo o ato heróico, a tradição sagrada que nada mais é que a herança religiosa, e a revelação primordial que é tudo aquilo que explica o surgimento de algo.
Os mitos são bastante presentes nos dias atuais, sejam entre as crianças com seus bonecos e histórias que se encaixam no modelo exemplar (Homem Aranha, Hércules, Batman); ou mesmo entre os adultos com suas heranças religiosas (o natal, a cruz com ou sem Jesus Cristo) e também podemos nos deparar facilmente com pessoas que vivem e relembram a revelação primordial seja na igreja, no cinema, ou em qualquer outro lugar, quando as pessoas estão lendo, assistindo, ou até mesmo vivenciando o surgimento de algo (livro de Genesis, Teogonia, a cosmologia, a Torre de Babel...).
Enfim, a função dos mitos é fixar modelos exemplares de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas em diferentes povos de diferentes credos.


 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Análise Psicológica do filme: Cisne Negro


Antes de iniciar a análise do filme, irei deixar claro alguns conceitos que se fazem importantes para melhor compreensão.
Segundo Dalgalarrondo (2008), as síndromes psicóticas são caracterizadas pelos seguintes sintomas: alucinações, delírios, pensamento desorganizado e comportamento bizarro. Este autor traz também definições dos diferentes tipos da psicose esquizofrênica, que caracteriza-se por sintomas de primeira ordem de Kurt Schneider (percepção delirante, alucinações auditivas, vozes que comentam ou comandam as ações do paciente, eco do pensamento, difusão do pensamento, roubo do pensamento, vivências de influências na esfera corporal ou ideativas e vivências de influências sobre o pensamento) e os de segunda ordem (perplexidade, alterações da sensopercepção, vivência de influência no campo dos sentimentos, impulsos ou vontade, vivência de empobrecimento afetivo, intuição delirante e alterações do ânimo de colorido depressivo ou maniatiforme). A esquizofrenia ainda apresenta quatro subtipos, são eles: paranóide (alucinações e idéias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório), catatônica (alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea e alterações da vontade como negativismo, mutismo e impulsividade), a forma hebefrênica (pensamentos desorganizados, comportamento bizarro e afeto pueril) e o subtipo simples (lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, com negligência quanto aos cuidados de si, embotamento afetivo e distanciamento social).
O filme Cisne Negro retrata a história de Nina. Uma bailarina dedicada de 28 anos, que mora com a sua mãe, uma ex bailarina frustrada que interrompeu a sua carreira devido à gravidez.
Nina não apresentava vida social, o seu único vínculo afetivo era estabelecido apenas com a sua mãe, que por sinal é uma mãe superprotetora e também não mantém nenhum relacionamento interpessoal, e conserva Nina em um universo maternal de controle perverso, colaborando desta forma para o desenvolvimento do transtorno posteriormente apresentado por sua filha.
Aparentemente (ou conscientemente) Nina era uma pessoa doce, meiga, controlada, esforçada, em busca da tão sonhada perfeição; assim, podemos perceber que o cisne branco é justamente o ser construído pela mãe da bailarina, que fez dela uma pessoa totalmente manipulada e sem nenhum desejo próprio.
O filme nos mostra dois personagens (Lily e o diretor Thomas Leroy) que tentam, mesmo que de maneira ligada a sexualidade e ao prazer, trazer à tona o outro lado de Nina, que é a partir daí que ela começa a perceber com outros olhos a sua relação com a sua mãe que inibia e reprimia todas as suas vontades e desejos, se dando conta que já é uma mulher adulta e dotada de desejos, jogando fora então, os seus bichinhos de pelúcia que infantilizavam ainda mais o seu quarto.
Devido a grande pressão do diretor e à sua obsessão pela perfeição Nina caba por, em diversos momentos, a fazer exercícios repetitivos que a levava a exaustão e à pressão psicológica, fazendo com que ela apresentasse uma negligência quanto aos cuidados de si (saúde).
A bailarina quase perfeita também apresentava certos comportamentos bizarros (como a autoflagelação) diante de situações que a deixavam ansiosa e tensa devido ao seu alto grau de exigência; assim como também apresentava alucinações, delírios, idéias persecutórias, além de distúrbio alimentar.
O final do filme nos traz o retrato do cisne negro (o inconsciente), o momento em que Nina está totalmente perturbada, ela surta e tem alucinações que envolviam a sua colega Lily, e quando ela cai em si ela percebe que não havia Lily, não havia sangue, e sim havia ela mesma introduzido o pedaço de espelho no seu abdômen, e o resultado disso tudo foi a libertação da angústia através da morte.
Muito interessante as palavras do diretor um dia antes da apresentação, quando ele diz que o único inimigo de Nina é ela mesma. Ou seja, ela já tinha dentro dela mesma o cisne negro, porém ela não sabia como lidar com ele, pois ela só tinha se permitido a vivenciar durante toda a sua vida o cisne branco.
A partir da análise dos fatos pode-se afirmar que Nina tem sim características de comportamentos psicóticos como: alucinações, delírio de perseguição, apatia, tristeza, mutilação, ausência de relacionamentos interpessoais, estabelecendo um único vínculo afetivo com a sua mãe, além de apresentar também um transtorno alimentar.

Referências
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.